"Eu escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida."(C. L.)

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

A maldição de sentir o abstrato...

A maldição de sentir o abstrato como sendo real também faz parte do meu ciclo diário. Já acordo imaginando seu cheiro nos lençóis como um tipo de impregnação que perfura meu olfato acostumado somente aos aromas de poeira e solidão. Solidão também tem cheiro, um cheiro fraco mas fatal. Vou ao espelho, pois preciso molhar a face com água fria para saber que existe vida além daqueles lençóis prisioneiros da verdade. No espelho penso em ti como sendo eu, penso em nossos rostos trocados por um momento e vejo que não há diferença alguma na mudança. Somos únicos e exclusivos dentro de nós. Somos como um brinquedo que desmontado resulta no mesmo brinquedo já arrumado. Preparo um café terrível, pois sou péssimo em cafés, e ele sai meio amargo e meio doce, meio forte e meio fraco, mas o que me importa é o efeito que ele me causa. O café provoca em mim o mesmo que você desperta: uma injeção de vitalidade e força, coragem e fé, para encarar um dia de incertezas e imperfeições. Seu amor e a cafeína são a equação exata para meu florescimento, são como duas chaves essenciais para abrir meu princípio de reconhecimento e vivacidade. A diferença cáustica entre você e o efeito adrenérgico da cafeína é que essa perde sua estimulação em poucas horas e se faz preciso outra dose de café para ressuscitar; já o efeito estimulante de seu principio ativo no meu organismo, a tal substância que deriva de você e se incorpora em mim, só tende a aumentar como uma escala exponencial que nunca culmina num ponto de tranqüilidade, nosso sentimento não se minimiza como uma xícara de café temporária e limitada. Somos o inexplorável e o interminável dentro da caixa de segredos chamada esperança...

pablo alencar