"Eu escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida."(C. L.)

sábado, 10 de janeiro de 2009

somos imparalelos...

somos imparalelos. somos algo que não se dissolve,não se entrelaça. terra e ar,fogo e água,noite e dia. a mistura explosiva que desencandeia mesmo sem se unir. lutamos contra as nossas corrosivas diferenças pensando serem elas apenas um estágio de nossa evolução sentimental. erramos. queríamos quebrar a parede do egoísmo e sucumbir ao desejo comum. não conseguimos. a harmonia nos escapava,vivíamos em um completo desequilíbrio amoroso. você transbordava amor,eu expelia receio. você se julgava dono,eu me sentia estranho. você me alimentava,eu te descartava. estávamos em direções emocionalmente opostas,em sentidos sentimentalmente imiscíveis. nunca se encontraria qualquer ponto que nos centralizasse. o amor não resiste ao avesso extremo,ele exige um mínimo de unicidade,uma gota qualquer de reciprocidade. a nossa profunda incompatibilidade de alma,de pensamento,nos impossibilitou de seguirmos juntos. tivemos que nos desfazer de qualquer raiz parasitária que nos prendia um ao outro. estamos livres,porém perdidos. perdidos dentro do nosso organismo desestruturado,dos nossos sentimentos fragmentados,deixados pela batalha árdua de querermos amar o proibido, o invencível, o impenetrável...

pablo alencar

escrever é algo louco...

escrever é algo louco.parece uma tormenta de pensamentos conduzidos por um furacão de impulsos e desejos. às vezes penso:escrever para quê? ou melhor:por que? ou profundamente:para quem? não sei o que me conduz a colocar palavras soltas,muitas sem lógica ou razão,em um papel que se encontrava nulo.talvez esteja aí um motivo! o papel!!! o papel nulo!!! talvez não quisesse que permanecesse mais vazio,solitário,sem função alguma. o papel estava lá,esperando alguém desvirtuá-lo e tirar-lhe a pureza,a brancura,a paz,e o transformar num aglomerado de fragmentos estranhos a ele.talvez esteja aí um real motivo de escrever:um simples papel. muitos devem pensar que isso é algo absurdo e por demais digno de desprezo. outros acharão que estou em delírio insano ou que não estou saudável para com as minhas faculdades mentais. pois digo a você, leitor: não,não se trata de banalidade ou alucinação. se trata do simples fato de que não escreveríamos se não tivéssemos algo pronto para nos receber, algo virgem e intocável para podermos desconfigurá-lo. o papel em branco nos oferece tudo que precisamos: a ausência. é dessa ausência que se faz a presença, que se constrói a vida em palavras, que se desestrutura os sentimentos e se molda fragmentos. agradeço ao papel em branco,nulo ou vazio a chance de poder esboçar uns traços dos meus devaneios e perturbações...

pablo alencar

domingo, 4 de janeiro de 2009

a noite me fascina...

a noite me fascina. a escuridão que se faz viva me torna desnorteado.o mistério noturno se entrelaça ao meu pensamento solto e me envolve numa atmosfera de clímax. me deixo levar pela loucura que se desencadeia.quero mergulhar,sentir,voar,transbordar todos os extasiados segundos que a noite me oferece.ela me alimenta e me toma como seu.permito que ela me escravize.afinal é através dela que eu pulso.sinto energia quando a noite surge.sinto emoção ao vê-la se tornar deusa.deusa dos loucos,dos indefinidos,dos incontroláveis,dos solitários,dos ilimitados.amo-te noite,com toda a glória e a eternidade que tu me contemplas...

pablo alencar

estou preparado para o ...

estou preparado para o renascimento.já sinto a febre louca da mudança.preciso dessa nova injeção para continuar a seguir.preciso me desconfigurar dessa minha atual conjuntura plástica que me sufoca,me prende,me retrocede, e iniciar um novo ciclo de vida ao qual nunca realmente fiz parte. sempre estive em volta do ciclo,mas nunca pertenci a nenhum momento seu,nunca entrei na roda viva.fui durante todos esses tempos um periférico,que olha a vida sem nem sequer tocá-la, quanto mais penetrá-la. é estranho pensar que alguém com 20 e poucos anos nunca tenha tocado a vida. pois é,ela não é tão fácil assim de se captar.ela sopra como a um vento que não tem direção,ela se volatiliza como a um gás raro e inerte,ela se torna subterrânea nos mais profundos solos,ela mergulha na imensidão do ser humano.coitado de mim que tento agarrar esse algo tão ''insegurável''. mas agora quero senti-la pelo menos nas suas fronteiras,no seu limiar.quero tentar me aproximar dela,aos poucos,sorrateiro e cauteloso,atento e delicado.quero pelo menos tocá-la nos lábios,sentir sua pele,seu cheiro.depois,se ela permitir,quero possuí-la e tomá-la como minha. oh,vida,serás capaz de me dar um pouco de ti,uma pequena parte desse teu conjunto infinito e inimaginado?...

pablo alencar