"Eu escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida."(C. L.)

sábado, 18 de julho de 2009

É com lágrimas nos olhos...

É com lágrimas nos olhos que expulso essas palavras de sangue e solidão. Nessa noite infinita de revelações eu pude sentir o gosto do amor invertido, do amor espremido e sofrido como um corte em uma parte sensível da pele que sangra e lateja mesmo que se tente aliviar o incômodo. Eu percebi o quanto de fragilidade repousa em mim. Na verdade tudo que sinto sempre mergulha fundo no meu núcleo, sempre amo as pessoas como se elas também me quisessem como parte de sua vida. Essa madrugada parece não se extinguir, queria interromper meu choro amargo e voltar ao início da noite e não ter questionado seu estranhamento distante e partido. Devia ter deixado a ausência permanecer e talvez assim não tivesse agora descartando lágrimas de amor e medo. Tenho medo de não mais te sentir no meu espírito emocional, medo de deixar para trás uma verdadeira estrada de sentimentos dificilmente verdadeiros e eternos. Não consigo imaginar você sem pensar em mim ao seu lado, chorando e te beijando, amando e te respeitando. Aceito a sua liberdade explosiva e seu egocentrismo vital. Aceito por que te amo. Te amo e não vejo nada que possa me fazer desistir de você. Definitivamente nada. Nada me empurrará para o buraco do fracasso sentimental. Eu acredito no amor da diferença, no amor pulsante e louco de almas opostas, no amor entre O QUE NÃO HÁ e o que se eterniza em mim. Eu acredito em você. Eu acredito em nós. Sempre. Nada nos quebrará por que queremos ainda nos possuir incondicionalmente. Te amo...

pablo alencar

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Ficarei aqui guardado...

Ficarei aqui guardado no meu quarto esperando a chuva se calar. Desejaria poder voar longe e destemido na direção contrária ao vento. Ter a sensação que sou livre e que posso chegar até onde você não me alcance. O som das gotas caindo me desespera por que sei que quanto mais elas se perpetuarem menos chances terei eu de desaparecer. Por que esse clima roubou de mim um dos raros momentos em que sou ar, em que saio da cápsula terra e viajo por horas na velocidade dos meus instantes fugazes? Esse meu quarto me observa desalentado como se soubesse que estou crescendo nele agora por que perdi o meu momento de escape. Adoro este veículo de duas rodas, aberto ao ambiente, simples e veloz. Preciso dessa velocidade ciclística para me deter. Me deter do tédio de não ter elaborado nada de divino nesse dia de inferno branco. Sempre tenho dias de inferno branco. É uma constante em meu ciclo cronológico. Porém, em alguns desses dias eu ainda consigo, no cair da noite, tocar algo de espiritual e compensar essa infernalidade. Mas hoje parece que não. Tudo indica que permanecerei fixo no meu congelamento imposto por essas malditas águas. Águas do equívoco que insistem em reter minha liberdade de deslizar entre pistas e pessoas. Nem ao menos pude vê-lo hoje. Terei que me acostumar também com certos egocentrismos dele, instantes particulares que correspondem unicamente a ele e não a nós. Infelizmente, hoje nem eu mesmo pude me perceber, quanto mais os outros. Nem mesmo eu pude me convidar a escapar...

pablo alencar