"Eu escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida."(C. L.)

domingo, 24 de janeiro de 2010

Queria não sentir isso...

Queria não sentir isso. Isso de sentir o sentimento desse sentido, esse sentido todo que parece com o improvável, o indefinível, o etéreo senso de despedida. Há algo que sempre permanece quando isso vai embora, mesmo sabendo que há chance de retorno. Eu sinto isso como parte da minha quase-felicidade de ter estado contigo. Esse vazio construído depois da despedida se transmutou numa espera caótica do nosso improvável reencontro. Teus olhos infantis às vezes acusavam uma pequena instabilidade, mas procurei descartar qualquer hipótese de incerteza sua, e busco sempre tirar da dúvida o abraço preciso da esperança. A esperança, essa coisinha mágica que surge nas últimas horas do desespero, é que faz a roda da fantasia continuar. E eu não queria ter perdido nenhum pedaço dessa esperança que me é tão rara como a sensação de ter estado em sintonia aguda com alguém tão solto nos pensamentos. Espero seguir com a esperança junto da minha inconstância, uma equilibrando a outra para que não se cometa um derrame emocional no meu espírito, mesmo sabendo que é inevitável a qualquer momento que essa pulsão sentimental se exploda em um desejo perdido...

pablo alencar

sábado, 9 de janeiro de 2010

Sempre que necessário...

Sempre que necessário é bom se dissecar um pouco, ver cada nervo de verdade e cada músculo de interrogação que descansa sobre a nossa anatomia psicoalucinada. É quase toda de alucinação que formamos nosso auto- retrato. Por isso, esse mergulho dentro dessas viagens internas é fundamental para avaliar a tolice da qual adoramos praticar. Temos medo do cubo do reconhecimento pessoal, pois ele dói tanto que nos grudamos ao comodismo do sorriso fácil e descartável. Estou caindo de fato na realidade de que muita coisa em mim merece ser enlatada urgentemente, há lixo alegre e falso que deseja um bom depósito de vergonha e reciclagem. Os tempos de reciclagem podem demorar a surgir, mas quando se soltam vem com toda a velocidade de uma opinião sincera que quase sempre nos falta. Vou aproveitar esses segundos raros de onipotência emocional para liberar essas minhas sinceridades nuas. Nunca esqueçamos essa vontade impulsiva de tirar a roupa da ilusão e ficarmos nus diante do sexo selvagem do verdadeiro. Desculpem-me, mas agora estou indo. Há muitas peças para tirar fora. Há muita coisa para explorar no meu corpo descascado. Há pessoas me esperando para lhes revelar reticências que pulsam em mim. Aahh, essas reticências pulsantes!!!...

pablo alencar

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Resolvi passar...

Resolvi passar um momento de inércia emocional para com esse meu confessionário de soluços e dramas. Não que não tenha acontecido nada que alcançasse a força de ser sentida e exposta como um corte que lateja, mas apenas precisava do silêncio forjado para a reconstrução desse corte inútil. Por isso digo que nenhuma palavra sairá desse tempo de confusão que nasceu e morreu em mim durante esses últimos meses. A única coisa de fato que caracteriza essa turbulência seria o inexplicável, o indefinido, o sentido congelado. Vou ficar com o bruto silêncio do incompreendido e com a leveza do esquecimento que consegui crescer. Sigo agora limpo e tranqüilo depois que tomei a consciência necessária que me era útil para o meu fortalecimento e coragem. Era isso que me faltava demais: coragem. E com a coragem adquiri a força, e com a força consegui a construção, e com a construção criei a identidade. Com essa pude ver certos escuros que antes desconhecia. Acendi a luz e agora corro na direção do real. Podia definir toda essa parafernália prolixa que escrevi em uma só palavra: iluminação. O que eu precisava era somente de luz. Luz, luz, luz...

pablo alencar