Há quanto tempo te devo isso. Na verdade te devo muito mais do que imagina. Te devo uns mil sonhos passados, uns instantes guardados e uma bocado e tanto de palavras atrasadas. Caramba! Tinha me esquecido disso aqui! Por quê? Não sei, não me pergunte. Eu venho como um aprendiz, um bruto que se afinou de coisas boas trazidas por ti. Venho escrever uma carta relatada de muitos ensinamentos. Contigo aprendi que ser pontual não é chegar na hora marcada, é ser maduro o suficiente para não ter motivos de se atrasar. Aprendi que ser prático nem sempre é ser rápido e objetivo, é na verdade cortar as inutilidades da vida. Aprendi que ingenuidade de vez em quando é traiçoeira, é preciso desconfiar para sobreviver. Aprendi também que fugir é prisão, pois é preciso coragem, muita coragem para ser livre. Aprendi que guardar dinheiro é confortante, mas gastar pode ser maravilhoso. Aprendi que é possível comer as mesmas esfirras várias vezes e manter o saboroso delas, afinal a companhia pesa muito nessas horas. Aprendi que simples mensagens tem um poder revolucionário sobre nossas sensações. Putz! Aprendi muita coisa contigo! Aprendi que é melhor falar do que se calar dolorosamente, o silêncio pode ser um tanto perturbador...Podia ir além, aprendi mesmo a viver, a confiar, a dedicar, a entender, a escutar, a demonstrar. Aprendi a crer, a perceber o amor com olhos calmos e precisos de quem já encontrou o que sempre buscava. Aprendi a reaprender...
(para F.)
pablo alencar