Me esquecendo um pouco, deixando de lado o problema Eu. É difícil por vezes ignorar o seu próprio, mas é preciso para o destravar. Parece uma energia que bloqueia qualquer reação de vida, e isso é algo que vem de dentro. A culpa é toda do interior, pois é nele que o obscuro ganha forma e atinge o fora. Nessas horas, o esquecimento é chave para o tormento, e mesmo que dure segundos, tenho uma breve sensação de liberdade quando fujo de mim. Uma fuga desenfreada, perdida, atrás de do mínimo de respiração que eu possa encontrar. O mesmo Eu que libera é o mesmo Eu que encaixa. Mas é tudo ilusão rápida, que depois traz a verdade consigo. A verdade toda inibida em mim. A possibilidade bloqueada em mim. A ausência de chaves dentro de mim. É uma alucinação mesmo ser auto-inimigo, pois é uma traição própria, legítima. Vou dispensando enquanto posso esses bloqueadores, me esquecendo vez por outra para ao menos me sentir por alguns instantes, momentos sagrados de iluminação...
pablo braz
"Eu escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida."(C. L.)
sexta-feira, 27 de maio de 2011
sexta-feira, 6 de maio de 2011
Se eu pudesse...
Se eu pudesse ter o poder da salvação nas minhas palavras nos resgataria dessa tormenta emocional. Tiraria de vez essa nuvem que nos ofusca para ter um caminho limpo pela frente. Eu sei que é tanta explosão a cada hora que fica difícil se controlar. Sinto isso também. Mas, as vezes por covardia ou fraqueza, faço disso uma implosão. Você tem a coragem de romper para refletir, de mudar para renascer. Isso é fantástico, admiro sua capacidade de encarar as coisas de maneira legítima, afinal você é raro. Raro por me dar esperanças reais. Raro por me fazer contestar. Raro por me salvar. Você me tira o medo de amar e entrega a verdade. Faz milagres em meu sentimento, simplesmente estando aqui. É por isso que quero, desejo fortemente, ter palavras mágicas, redentoras, libertadoras para te salvar também. Eu te salvo, tu me salvas, nós nos salvamos. Em cada linha que sair desse lugar haveria de ter uma oração dentro, guardada só para teu alcance. Você leria minhas palavras como se fossem sagradas, intempestivas de felicidade e energia vital. Seria como um desenho dando vida ao seu personagem, que sai do traço para a batida do coração. Eu te desenharia como se fosse uma fênix, que ressurgiu em mim uma coisinha chamada amor-esperança...
(para F.)
pablo alencar
(para F.)
pablo alencar
segunda-feira, 2 de maio de 2011
É tanta lembrança...
É tanta lembrança que insiste a sair a toda hora, junto com umas lágrimas também. No estômago uma queimação ferve, e no coração pontadas agudas. A garganta parece que vai travar, um fôlego de enlouquecer. O corpo não sabe se vai ou se pára. A somatização da saudade é potencialmente sintomática, pode crer! Uma impaciência percorre a sua calma, tomando forma de um pânico indistinto. Quanto mais pensa em afastar os pensamentos, mais eles cutucam seu coraçãozinho. Saudade poderia também se chamar Selvagem. Nem adianta chá de camomila ou erva doce, quando ela bate só quer saber mesmo é de bater. E dói viu. Uma dorzinha que nem quer ser dor, mas já nasce sendo. Livro, chocolate, filme, e besteiras virtuais, nada resolve. Respeitamos ela, dona da vez e da verdade. Como dizia Clarice, “Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença.” E quando não se pode comer a presença, o jeito é seguir sobrevivendo a pão e água. Eita saudade doida essa!
pablo alencar
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