A estranheza se revelou. Sensações vazias de vida caíram sobre mim. Nessa noite deserta de sentimentos a chuva aniquilou a possibilidade de escape. Talvez o clima tenha lá suas místicas fantasias ou apenas eu quisesse que essas águas mortas participassem do meu jogo de solidão e imobilização. Nesses momentos loucos de hibernação íntima tudo que eu desejo é poder afundar esses pensamentos congelantes que só me conduzem a mais paralisação. Por que me desviei de todos e preferi estar com o meu onipresente inimigo interno? Preferiria que ele sucumbisse junto com a minha estupidez em querer invocá-lo. Nesses segundos noturnos de isolamento sinto a sua falta, queria estar canalizando meu universo particular para a nossa relação afetiva. Se me deixarem solto na imensidão da noite acabo por me perder dentro dessa esfera impulsiva de me dissecar internamente. Sou estranho, tenho consciência dessa minha indefinição de vida. Mesmo com todos os elementos de alegria e amor que tenho desfrutado ao lado de meus amigos e de minha relação amorosa ainda tendo a desesperar-me com a inutilidade de emergir a suposta revelação do vazio intrínseco ao ser. Coisas de um desocupado alucinante buscando cavar buracos intermináveis da sensibilidade humana. Estou a partir. Terminarei minha madrugada insólita assim como a iniciei: na lucidez inconstante da minha descartável loucura...
pablo alencar
Você não é SÓ você interiormente..até o seu inimigo onipresente contém informações e costumes que você adquire diariamente nas relações fraternais, de amizade e amorosas. Não há como se manter intacto dentro de tantos universos, nem se sentir vazio qnd na realidade o que vc busca é isso... O incômodo se encontra em perceber que não está à margem de tudo aquilo que te faz feliz, convive com isso, proporcionando um desconforto para alguém que anteriormente não possuía de todo muitas das coisas que você ganhou nesse ano... =)
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